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Um levantamento do Corpo de Bombeiros apontou que em dois anos o Centro Nacional de Paraquedismo registrou mais de 70 acidentes com paraquedistas, em Boituva (SP).

De acordo com a corporação, após a morte de dois paraquedistas em dezembro de 2018, na mesma semana, os bombeiros resolveram apurar o número de acidentes para encaminhar os dados ao Ministério Público.

Segundo os bombeiros, de 2016 até o fim de 2018 foram 79 acidentes com sete mortes. Das sete mortes, quatro foram registradas no ano passado.
“A maioria dos acidentes não foram graves, com vítimas com fraturas e ferimentos leves. Mas foi enviado para o Ministério Público porque entendemos, assim como a prefeitura, que não é competência somente dos bombeiros trabalhar nesse caso”, afirma.

“Nossa intenção é justamente trazer Ministério Público, o Executivo, Legislativo, a prefeitura e bombeiros para adotarmos políticas públicas necessárias e ajudar o praticante do esporte a manter a cidade como capital nacional do Paraquedismo”, explica.

O Centro Nacional de Paraquedismo tem 99 mil metros quadrados e com cerca de 20 escolas funcionando, sendo uma média de 19 mil lançamentos por mês.
Rômulo Santos é presidente da Associação Brasileira de Paraquedistas e conta que esses tipos de incidentes são comuns.

“Boituva tem dois indicadores de vento, que é uma seta e uma biruta, e a maioria das áreas não tem esses dois indicadores, é só um. Qualquer detalhe é importante para evitar que o turista ou atleta se confunda na hora do pouso, que tenha alguma dificuldade e isso ocorra algum incidente”, diz.

Ele ainda conta que, antes de saltarem, até os paraquedistas profissionais recebem orientações, como forma de medida de segurança.

“As escolas têm essa orientação para o atleta que vem de fora. Mesmo que tenha experiência, que ele seja orientado sobre qual avião que será usado, porque na área dele pode ser diferente, o nosso alvo e o local de pouso adequado. Todas essas medidas são tomadas aqui”, conta Rômulo.

Nilson Leitão é presidente da Associação de Paraquedistas de Boituva, órgão responsável pela administração do Centro de Paraquedismo. Ele diz que os acidentes aumentaram porque a quantidade de saltos também aumentou. Em dois anos, passaram de 10 mil para 19 mil.

“Há dois anos tínhamos uma média de lançamento de paraquedas de 12 mil saltos. Hoje chegamos a ter 22 mil lançamentos de paraquedas por mês. Evidente que um número maior de salto gera mais gente na área, mais pessoas sendo atendidas, mais acidentes e incidentes, inclusive. Se o número da atividade aumenta, tudo relacionado vai aumentar”, conta.

Ainda de acordo com Nilson, para melhorar a segurança, todo acidente gera um relatório, e a escola envolvida recebe orientação. Um seminário foi feito com os instrutores dando dicas de segurança.

Ele explica também que os paraquedas usados são revisados todas as manhãs, e também ao fim de cada salto. Equipamentos que medem a velocidade do vento e as condições climáticas foram instalados.

“Temos uma equipe que fica desde a primeira decolagem até o ultimo. No horário de verão, por exemplo, é 19h30 e a gente está lançando paraquedista. Fizemos um contêiner que reúne as três pessoas mais importantes para atividade na área, que é o bombeiro, o controlador de voo e o responsável técnico da área, que cuida em relação às manobras”, diz.

A Força Aérea Brasileira afirmou, em nota, que é responsável pelo cumprimento das regras de tráfego aéreo e o controle das aeronaves no espaço aéreo com segurança.
Ainda afirma que o Centro de Paraquedismo está regularizado, e que os voos devem ser feitos dentro das áreas previamente estabelecidas para a atividade esportiva.

MORTES
Em dezembro, foram dois na mesma semana. Diogo Tavares, de 35 anos, apresentou problemas com o paraquedas principal. Ele teria tentado acionar o reserva, mas sem antes desativar o principal, o que seria o procedimento correto.Ele girou até cair em um campo de futebol e morreu.
Dias antes, Eudismar Almeida Araújo, de 56 anos, morreu depois de se chocar com outro paraquedista no ar.

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