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O adolescente de 14 anos, Enzo Grechi de Carli, que tinha uma liminar na Justiça para frequentar uma faculdade ao mesmo tempo em que cursa o 9º ano do Ensino Fundamental, conseguiu uma decisão definitiva da Justiça para continuar com a graduação, em Tatuí (SP).
Enzo passou em 14º no vestibular da Fatec para o curso de automação industrial em julho de 2018, conforme a mãe. A família entrou na Justiça e, após a liminar, o adolescente foi autorizado a fazer a graduação.
No dia 26 de março, a Justiça autorizou que o rapaz continuasse com a matrícula no curso superior. A decisão não cabe recurso.
Segundo a mãe, Fabiana de Cásia Grechi de Carli, a família está feliz com a notícia e já tinha expectativa de conseguir a decisão definitiva.
“Confiante nunca estávamos, mas sabíamos que ele tinha capacidade para conseguir. Ele sempre foi meio diferente, nunca comparei pois cada criança é única. Independente de ter idade, precisa pensar em competência”, conta.
Na decisão, o juiz Marcelo Nalesso Salmaso alegou que a avaliação psicológica realizada pela equipe técnica apontou que o “curso superior em automação realizado na Fatec parece estar sendo importante para motivá-lo, estimular seu potencial criativo, e preencher lacunas educacionais existentes no ensino regular para adolescentes com altas habilidades.”
Segundo a mãe, Enzo passou por diversas avaliações neurológicas, psicológicas e neuropsicológicas durante o processo, que constatou a superdotação do menino.
A advogada especialista em superdotação, Cláudia Hakim, conta que o processo durou aproximadamente oito meses e que inicialmente havia realizado um pedido de liminar para que o juiz avaliasse.
“Foi relativamente rápido. Ele passou por pericia judicial, à pedido da faculdade, com uma psicóloga nomeada pelo juiz para avaliar a maturidade. Ele está super bem inserido socialmente e foi provado por laudos atestando que ele tem um QI de superdotado. A lei prevê uma educação especial para alunos com esse perfil”, conta.
Ainda conforme a advogada, a decisão judicial ainda cabe à recurso da faculdade, porém o Ministério Público e o juiz foram favoráveis à matrícula do rapaz.
“Alunos superdotados da rede de SP não tem para onde correr. Esse foi um caso inédito, ele foi bem atendido e recebido. Nem todo mundo se encaixa de forma igual”, explica.
Relembre o caso
De acordo com a mãe, para o garoto cursar a faculdade e o ensino fundamental simultaneamente. Eles entraram com uma ação na Justiça, e o juiz deu uma liminar que autorizou o Enzo a frequentar as aulas.
O processo esteve em andamento, e avaliações foram realizadas para verificar o rendimento do estudante,tanto na escola quanto na faculdade.
“A gente não pensou em momento algum dele abandonar a educação básica. A gente queria que ele concluísse o 9º ano e Ensino Médio, e em paralelo fazer o curso de graduação na Fatec”, conta a mãe.
Inspiração
Em média, os alunos iniciam a faculdade com 17 anos. Na sala do Enzo ele é o mais novo, mas foi muito bem recebido pelos colegas de sala, como afirma o estudante Igor Ruduic.
“Eu fiquei surpreso, porque nunca imaginei que fosse encontrar um menino de 14 anos aqui comigo. A sala acolheu muito bem ele, até porque ele é muito inteligente. A gente dá conselhos para ele, e ele entende muito bem o que a gente fala”, diz.
A psicóloga Analisa Cassemiro diz que, apesar do adolescente estar pulando uma etapa da vida, se ele for bem orientado essa experiência pode ser positiva. É preciso apoio da família, escola e faculdade pra conciliar a rotina dupla.

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