Desde 2015, o Brasil acolhe o movimento “Setembro Amarelo”, que surgiu com o objetivo de dar visibilidade à temática do suicídio. Embora o número de casos tenha diminuído cerca de 30% nas últimas 3 décadas, como aponta o estudo Global Burden of Disease Study 2016, ainda é a segunda principal causa de mortes entre jovens de 15 a 29 anos.
Como o suicídio é um ato evitável, a abertura ao diálogo e a compreensão das razões que levam alguém a ceifar a própria vida podem reverter esse quadro. Além disso, o suicídio pode atingir pessoas de qualquer faixa etária, incluindo crianças, por isso é preciso ter atenção redobrada a qualquer mudança de comportamento.
O suicídio vem, essencialmente, de um estado depressivo, que pode ser causado por inúmeros gatilhos internos e externos. E mesmo com números cada vez mais altos, o assunto ainda é considerado um tabu para muitas pessoas.
Tendo em vista que tirar a própria vida é uma decisão extrema para fugir do que é considerado um problema sem solução, a melhor forma de evitá-lo é detectar quando a possibilidade existe e agir a tempo.
De acordo com dados atualizados da OMS (Organização Mundial de saúde), cerca de 800 mil pessoas já tiraram suas vidas no mundo, com um número maior de mortes em países de média e baixa renda (79%).
A OMS afirma que os grupos de maior risco são pessoas tomadas por depressão e alcoolismo, que passam por crises profundas diante de situações estressantes da vida (como desemprego, perdas financeiras e de entes queridos, término de relacionamento, abusos, além de doenças e dores crônicas).
Nesse conjunto também está a população em situação de vulnerabilidade social ou que sofre discriminação, como refugiados e migrantes, indígenas, comunidade LGBTI+ e pessoas privadas da liberdade.
No Brasil, conforme dados recentes do Ministério da Saúde, a taxa de suicídios chegou a 5,8 por 100 mil habitantes em 2016. A população indígena é a mais afetada (15,2/100 mil), mas esse dado não é restrito apenas ao Brasil, sendo visto em outros países também.
Da população em geral, os homens são os mais vulneráveis ao suicídio (9,2/100 mil). Entre as mulheres, a taxa é de 2,4/100 mil.
Falar sobre suicídio é fundamental
É comum que os pais evitem falar sobre suicídio com os filhos, na tentativa de minimizar a importância percebida pelo adolescente de um determinado problema que observam, ou mesmo pelo fato de os filhos não darem abertura suficiente para que o assunto seja discutido.
E não são só as crianças e adolescentes que não conversam sobre o assunto: pessoas de qualquer idade podem ter um bloqueio de falar sobre algo tão importante, como se abordar o assunto fosse deixá-lo em evidência na cabeça de quem está depressivo.
Porém, a conversa pode abrir novas perspectivas e até alertar a outra pessoa para tomar medidas mais drásticas para solucionar a situação.
Por isso é tão importante que a sociedade como um todo, família, amigos, escola e grupos de trabalho, esteja atenta aos menores sinais, disposta e preparada para discutir o tema e encaminhar a pessoa para um tratamento que trará um novo olhar sobre a vida e a vontade de prosseguir.
Muitas vezes, o diálogo até acontece, porém quem ouve pode não estar preparado e não sabe como reagir quando ouve uma pessoa falar que não tem mais vontade de viver e que, muitas vezes, tem vontade de tirar a própria vida. Quando não estamos preparados, podemos não dar a atenção devida a essa fala tão séria.
Além de não ignorar esse tipo de fala, é preciso estar atento a outros sinais que podem indicar a depressão e a vontade de cometer suicídio. Confira alguns dos sintomas que devem ser acompanhados e levados a sério:
tristeza persistente;
postagens relacionadas a suicídio ou depressão profunda nas redes sociais;
perda de interesse em atividades que antes davam prazer;
fadiga;
falta de energia;
alteração no sono;
irritabilidade;
alterações no apetite;
choro sem razão aparente;
ideias de morte;
dores e sentimento de inutilidade.