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O país real se revela quando verificamos que o nosso bolso está vazio, e não sobrou dinheiro para garantir o pão nosso de cada dia. O que os economistas credenciados pelos governos ou os consultores econômicos de empresas nos revelam com seus sofisticados raciocínios são fantasias do país oficial, espaço onde vivem os grandes banqueiros e capitalistas de grande porte. O que constrói um país é o trabalho do seu povo, protagonizado pelos assalariados, comerciantes varejistas e pequenos produtores. Apenas alguns analistas falam a linguagem do povo, isolados pela mídia formadora de opinião pública, pois quem garante o seu faturamento é a propaganda fornecida pelas grandes empresas e grandes negócios. Da manipulação midiática surge uma nuvem de fumaça que mistifica a difícil situação do povo e ilude-o com fórmulas mágicas. A Reforma da Previdência proporcionará mais investimentos ao governo, mas essa arrecadação vem do dinheiro retirado do trabalhador, obrigado a trabalhar por mais tempo de serviço. Se algum economista, analista econômico ou um sociólogo independente desmascara a retórica do país oficial, é considerado subversivo, preocupado em agitar a população contra a ordem estabelecida. E em nome dessa ordem, as classes dominantes controlam a população, hipnotizada pela magia de seus porta-vozes oficiais. E assim caminha a humanidade, desde suas origens aos dias atuais, tornando a História real dos povos um relato das atrocidades praticadas pelas minorias dominantes contra o conjunto da sociedade, na maior parte do tempo submissa aos seus algozes.
É o que relata A Prodigiosa História da Humanidade, livro escrito pelo historiador André Ribard. Sua narrativa é um elogio ao empreendimento histórico da humanidade, mas recheado com severas críticas à maneira brutal como a civilização é construída. Ao longo da História, as classes dominantes –formadas por minorias privilegiadas- exploram a imensa maioria da população, extorquindo do seu trabalho os privilégios que desfrutam. Nas civilizações antigas, a riqueza das minorias provinha do trabalho escravo. A escravidão se reproduzia nessas sociedades não apenas através da força bruta, mas também da persuasão permanente da cultura dominante em cada sociedade, que justificava o trabalho escravo como forma natural de exploração. Na Grécia antiga, até um filósofo do nível intelectual de Aristóteles admitia que o trabalho escravo era necessário ao desenvolvimento da sociedade porque não havia máquinas que trabalhassem com força própria para mobilizar a economia. Ou seja, o escravo era uma máquina humana. Na atual sociedade capitalista, o trabalho assalariado é tecnicamente considerado um trabalho livre, mas essa pretensa liberdade do trabalhador assalariado é condicionada pela lei capitalista da oferta e da procura, cujo valor é determinado pelas regras do capitalismo, mas considerada pelos economistas liberais uma lei geral da sociedade. Com o salário que recebe, a maioria dos trabalhadores mal consegue sobreviver, mas o grande capitalista tem mansão em Miami. Os economistas à serviço do capital afirmam que essa diferença é determinada pelas regras livres do contrato social, mas não comentam que o lado da balança pende para o lado do capitalista. Quando o pensador Karl Marx demonstrou que a exploração do assalariado pelo capitalista vem da mais-valia, foi ignorado pelo conjunto da sociedade, e apenas alguns pensadores entenderam o mecanismo desse conceito. Como a maioria das descobertas científicas, a teoria da mais-valia também revela os fundamentos racionais da vida, mas geralmente são ignorados pela maioria das sociedades, que preferem acreditar nos misticismos construídos pelas minorias privilegiadas, que através deste expediente ideológico submetem o conjunto da sociedade. A Prodigiosa História da Humanidade é uma análise dinâmica das riquezas e misérias produzidas ao longo da evolução humana. E ressalta o contínuo sacrifício coletivo para construir uma sociedade na qual o pão nosso de cada dia seja dividido solidariamente, ao eliminar a exploração do homem pelo homem.

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