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Um dos mais interessantes efeitos colaterais do Coronavírus no Brasil foi a proliferação das “lives” que, como um novo vírus, se espalhou pandemicamente por todo o território nacional.
O brasileiro descobriu as “lives” e se encantou por elas e , como um louco apaixonado mergulhou de cabeça nessa nova paixão nacional.
Segundo um especialista em redes sociais, numa mesma noite de sexta-feira havia 635 “lives” ocorrendo ao mesmo tempo, exatamente às 20 horas. Às 21 horas havia mais 225!
Um amigo me disse ter assistido três “lives” ao mesmo tempo – uma em cada um de seus dois celulares e a terceira em seu laptop. “Eu não podia perder nenhuma delas” afirmou o quarentemado digital.
Eu mesmo tenho sido convidado para “lives” quase diariamente. E o que mais me impressiona é que a audiência é sempre grande, pois durante as “lives” há sorteios de livros, brindes, cursos e tudo o mais que a infindável criatividade do brasileiro seja capaz de bolar.
Há “lives” de cantores, executivos, sacerdotes, pastores, gurus e até de aventureiros desconhecidos em busca de um momento de fama neste mundo louco das redes sociais.
Outro dia assisti uma “live” de uma menina de 08 anos que decidiu contar todas as confidencias da vida privada de sua família, sem o menor constrangimento a mais de mil internautas plugados que se matavam de rir ao ver aquela criança falando mal de seus próprios pais e irmãos. Pode?!
Quem mais parece ter se encantado com as “lives” no entanto, foi a classe médica. Todos se tornaram epidemiologistas do dia para a noite. Todos têm a receita para evitar o vírus, se curar do vírus e até desmentir o próprio vírus negando sua existência virulenta. Há médicos de todas as idades, de todos os matizes – holísticos, homeopatas, nutrólogos, radiologistas e até ortopedistas online dando suas doutas orientações nestes tempos de COVID-19. Há também, enfermeiros, dentistas e auxiliares dando o seu pitaco sobre o vírus chinês.
Isso tudo sem falar dos economistas, jornalistas e os famosos “especialistas” que decidiram nos assustar com previsões sobre o fim do mundo sob o domínio chinês nos escravizando a todos.
Como é impossível saber o que irá, de fato, acontecer após esta pandemia, o campo está aberto a todo tipo de chutes em bolas de cristal. E como o Brasil é o país do futebol, o número de chutadores é infinito. “Não vai ficar pedra sobre pedra” afirmou um “especialista em futurologia” (sic). Outro, esse um “educador” previu o fim das escolas e da educação presencial. Vale tudo!
Meu conselho é que você também faça uma “live” sobre como será o mundo em 2050 após o Coronavírus. Não se preocupe com o que irá dizer. Alguém assistirá, comentará e, sabe lá, é capaz de você se tornar mais um guru desta pandemia que parece ter causado mais efeitos na saúde mental dos políticos do que nos pulmões dos infectados.
Pense nisso. Sucesso!

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