PUBLICIDADE

Nesta última semana tive o privilégio de entrevistar o Sr. José Getúlio. Tenho colocado maior atenção ao cantar dos pássaros na praça em frente a minha casa, após esta entrevista. Infelizmente, não sei identificar quase nenhuma das muitas espécies que vejo. Confesso que despertou em mim uma enorme admiração pela trajetória de vida deste fotógrafo e observador de pássaros, residente aqui, em Cesário Lange, no Jardim das Flores.
Há mais ou menos 7 anos, em 2013, o Sr. Getúlio viu sua vida mudar totalmente, por culpa de dois AVCs, que lhe paralisaram parcialmente os membros direitos. Durante a sua recuperação, traçou novas estratégias motivadoras para encarar o desafio de sua nova condição física. Fazendo uma retrospectiva pessoal, percebeu como fio condutor de sua vida, o interesse e a curiosidade pela vida animal de um modo geral. Dos 9 aos 11 anos, teve em sua casa, um laboratório, onde cuidava a seu modo, de várias aranhas, por exemplo. Com os coleguinhas, entre passeios pelos campos e nados livres nos riachos e lagos, observava fascinado, todos os animais que encontravam, répteis, anfíbios, pequenos roedores e aves. Pesquisando pela Internet, e assistindo a muitos documentários, na tv, decidiu que a fotografia seria o motivador nesta sua nova realidade. Mas, fotografar quais animais?
São dele as palavras: “Convenhamos, que as aves são mais divertidas, voam, nadam, andam, caçam e cantam; além do fato de que é muito simples e mais fácil, observar e encontrar as aves, do que os répteis, por exemplo.” Decidido, enviou e-mails, a várias lojas especializadas em equipamentos fotográficos, a sites da Canon, Nikon, Kodak, Sony e Fuji, perguntando se havia equipamento que o possibilitasse fotografar com eficiência, usando apenas a mão esquerda. Só a Nikon, respondeu que sim. Por este motivo, sua primeira aquisição foi uma câmera Nikon L 830, Superzoom. Após quase dois anos, fez dela, um presente para a sua filha. Precisava de mais recursos técnicos. Passou para uma Nikon P 610 Superzoom, antes de chegar a sua Canon T 5i. Todas elas, com lentes amadoras. Foi aprendendo as técnicas estudadas, na prática, entre muitas tentativas com acertos e erros. É um autodidata.
“Nunca fiz curso de fotografia. Leio muito e pesquiso em sites especializados, em fóruns do wikiaves.com; escuto, anoto e testo todas as dicas que recebo de algum especialista, e por aí vai. Sobre o ato de fotografar, aos 17 anos comprei uma Kodak Hobby, e isso era tudo o que conhecia. Porém, parece que esta vontade de registrar a vida animal, ficou adormecida em mim, esperando o momento e a oportunidade para aflorarem. Apesar de ter sido com a dor da semi paralisia, a fotografia trouxe uma nova luz para a minha vida, me devolvendo a alegria e a motivação. De maneira que, desde o ano de 2015 sou Observador e Fotógrafo de Aves, registrado e inscrito no site: www.wikiaves.com.br. Aprendi que fotografar não é só apertar o botão e regular o foco. Registrar com precisão o movimento e a pose estática, de pessoas ou de aves, não é tão simples quanto parece. É necessária muita técnica. Dias de sol ou sombra ou nublado, precisam de ajustes diferentes. Leio muito, faço testes, pesquiso. É estimulante para mim, tenho a sorte de estar sempre aprendendo. Tenho me dedicado, pois sou fascinado por este mundo da fotografia, que é a minha vida, hoje em dia.
Desde que se mudaram para a chácara em Cesário Lange, com a companhia da sua esposa, Kátia, tem se realizado, nesta profissão amadora. Registrou, com suas fotos, muitas espécies que habitam ou passam em migração por este município. Ao todo, até agora, foram 199. Destas, as que habitam em Cesário Lange são +/- 150 espécies de aves.” Aprendeu que mais de 25% das aves são migratórias e que por aqui, passam algumas, como a Garça Moura, a maior entre as de sua espécie, aqui no Brasil; o Tiziu, que viaja do México ao sul do nosso país, passando por aqui no caminho; as Andorinhas, o Bacurau, que vêm da Argentina ou da América do Norte; as Garças, da Amazônia e do Pantanal; algumas espécies de Sabiás, Bigodinho, Coleirinha ,entre tantos.
Acredita que talvez, a riqueza das águas doces de superfície que temos, seja o grande atrativo para tantas espécies, pois temos rios, córregos, nascentes, lagos naturais e artificiais em nosso território. Temos também, muitas árvores frutíferas e perenes, nos pomares das chácaras, sítios e fazendas; ou frutíferas nativas, encontradas nas várias estradas de terra ou nos campos de pecuária, como a goiaba branca e o limão rosa; sem falar das variadas plantações agrícolas. Getúlio e a esposa, seguiram algumas espécies migratórias, daqui até os rios Tietê e Piracicaba, onde as fotografou na divisa entre Piracicaba e Anhembi. Investigações como esta são muito divertidas para o casal. Em Cesário Lange, os bairros rurais, Aleluia e Rio da Onças, distam 2 km mais ou menos do Centro da cidade, estão relativamente próximos da área mais adensada e urbanizada. No entanto, ele fotografou, de outubro a fevereiro, 8 espécies de garças, em variados pontos destes bairros. Os barulhos da cidade, não a intimidaram. Que bom.
A Garça Moura, com envergadura de 1,80 m; o Savacu, garça que caça principalmente à noite; a Garça Vaqueira, que caça insetos, entre outras. Conta com felicidade, ter aprendido que as aves gostam de tomar café cedinho. Na sua rua, as 6hs +/-, um (ou vários) sabiás do barranco, cantam alegremente. E que, assim como algumas pessoas, as aves gostam de dormir após o almoço. Os pássaros dormem de 11 a 13 horas por dia. Se alimentam de insetos, pescados, frutos, sementes e brotos. Não sobrevivem sem água limpa e vegetação saudável. Considera urgente a preservação de nossas nascentes, córregos, rios e o aumento de nossa vegetação natural. Refletindo, conclui: “Desde 2015 moro em Cesário, mas vejo, com tristeza, pessoas que cortam árvores, sem pensar nas espécies que nelas habitam, que delas se alimentam. Posso citar, por exemplo, a Rua Tiradentes (próximo a Grantel, Materiais para Construção), não sei por qual motivo, cortaram 2 árvores frutíferas que haviam ali e que os periquitos amavam. Acabou! Eles se foram.
Em minha casa, o Tuim, espécie de periquito anão, eu ainda vejo, porque temos árvores frutíferas e floridas que foram por nós selecionadas para atraírem pássaros; mas, no centro, acabou… Isso é muito triste. No inverno, muitas espécies de pássaros morrem de fome, porque não encontram brotos de flores, sementes, etc. Deveríamos incentivar o plantio destas árvores e flores, como maneira de preservarmos o nosso meio ambiente. Saibam que observar, registrar os cantos, fotografar, desenhar, os pássaros e aves, é também, uma atividade turística? É Turismo Ecológico e pode ser rural ou urbano. Muitos lugares no mundo todo, promovem dias dedicados a este tipo de atividade, com concursos de fotografias e desenhos de pássaros, atraindo visitantes nacionais e internacionais e movimentando a economia local. Existem hotéis, pousadas e agências de viagens especializadas nisso. Cesário Lange poderia abrir espaço para este tipo de turismo, também. Deixo a reflexão.” Muito se aprende com o meio natural. O respeito a Natureza e ao planeta Terra, nossa casa. Tudo o que conhecemos, vemos, ouvimos ou sentimos, está conectado, de maneira dinâmica e interdependente. Nós, inclusive.

PUBLICIDADE