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A culinária rural, campesina, caipira, está em alta no mundo. Nós temos excelentes cozinheiros rurais aqui na cidade e nas cidades ao redor. Mas, a valorizamos? A comida caipira meche com as nossas emoções. Realmente nos faz mais felizes a experiência com um bom prato de comida que chamamos de caseira, bem temperada e fresquinha, cheirosa… nos alegra a alma. Chama conversa, um bom papo e é aconchegante, acolhedora. É aquela que comemos sempre na casa de nossas avós, que quando sentimos o aroma, já nos traz lembranças dos almoços de domingo. O arroz branco, o feijão mulatinho, o feijão preto, a farofa, a carne de panela, ou a assada, a polenta, o mingau de frango, o cuscuz, o bolinho de frango, o bolinho de chuva, o bolo caseiro, …. Enfim, a culinária herdada, passada de geração a geração, que aprendemos cozinhando junto com as mães e avós. A chamada: comida de herança. Aquela com os temperos de ervas e legumes frescos, com louro, alho, cebola, cheiro verde, tomate, pimentão, toucinho. A saborosa, fresca e saudável culinária do interior, geralmente feita em fogão à lenha. A cozinha rural desta região, nasceu com os tropeiros, se enriqueceu com a cultura indígena e com todos os imigrantes que passaram pelos campos paulistas e mineiros. Ao longo dos séculos, esse grupo de pessoas desenvolveu um tipo de culinária própria, proveniente dos alimentos cultivados e colhidos por eles mesmos, em seus sítios e chácaras. Os principais ingredientes sempre estiveram ao alcance de suas mãos. Além de alimentar a família, lhes deu sustento através da comercialização. Na comida rural da região, o porco e a galinha são até hoje, as proteínas mais usadas, já que são criações animais muito comuns nesses locais. Nós precisamos entender o potencial turístico, cultural e histórico que possui este setor. Nos arredores, ainda é fácil encontrarmos bons representantes da culinária rural. Mas a maioria está dentro das casas, dos sítios, das chácaras. Cozinhando para a família, sem perceber que tem um enorme potencial econômico nas mãos. E não é necessário abrir um estabelecimento grande, um restaurante, para gerar empregos e lucros. Abrir as portas de sua chácara para receber aos finais de semana, para um café da manhã rural, pode ser um ótimo começo! Conheço muitas pessoas que gostariam de passar por esta experiência num domingo. Comer um pão caseiro, tomar um café de coador, com queijo fresco, leite de vaca mesmo. A sua comida de todos os dias pode ser o seu futuro negócio. Já pensou nisso? Pois é. Na Europa, em 2019, alguns cozinheiros rurais mundiais reuniram-se para o Primeiro Encontro Internacional de Culinária Rural e elaboraram um texto, que foi entregue posteriormente ao Parlamento Europeu, com o objetivo de impulsar a comercialização dos produtos do campo e gerar um pacto com o Estado na defesa do meio rural. O texto intitula-se: Manifesto de Zafra para o Futuro da Cozinha Rural. Zafra é uma cidade do estado espanhol de Extremadura, onde aconteceu o encontro. No texto: “A gastronomia é cultura, um dos principais embaixadores turísticos e gerador de empregos.” “Reconhecemos o valor dos pequenos produtores e elaboradores como sendo peças fundamentais da gastronomia rural e nos comprometemos a viabilizar seu trabalho e a fazer todo o possível para que possam ganhar a vida com a dignidade que merecem.” Entre os profissionais da gastronomia que elaboraram este Manifesto estavam portugueses, espanhóis, italianos e inclusive um chef brasileiro.
Quando li a respeito, fiquei pensando na nossa cozinha caipira e na nossa gente do campo… Da gente que ainda tem em uso o fogão a lenha, das panelas de barro ou de cobre ou ferro fundido, que cozinha sem pressa, com temperos frescos, carne de porco ou de frango, milho e arroz. Pensei naquele café de coador de pano, acompanhado de um saboroso bolo de fubá, talvez bolinho de chuva com canela ou compotas doces. Nunca resisti a um pão caseiro com manteiga, na chapa do fogão a lenha… sempre me lembro da casa da minha avó, onde acordávamos com o aroma do café fresquinho e do pão na chapa. Por aqui, muitos lembrarão do cuscuz de frango, do bolinho de frango, da pamonha, do mingau. Pratos que amei conhecer e que facilmente passaram a fazer parte do meu dia a dia. Vamos aproveitar para valorizar a nossa comida de herança, caipira, rural. Lugares como A Paineira Velha, de Pardinho, com um tempero inesquecível!!! #comviagemecomidaodinheiroébemgasto. reginapaivaserrano@gmail.com

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