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Com o objetivo de apostar na consciência ambiental e oferecer produtos destinados ao público vegano, uma fábrica de produtos sintéticos de Cerquilho (SP) criou um laminado que é livre de matérias-primas de origem animal, como o couro, lã ou seda.
O sintético vegano foi lançado em 2018 e pode substituir o couro e demais sintéticos em produtos do setor calçadista e automobilístico.
“Nem todo sintético é vegano, e nosso laminado recebe este nome porque não possui matéria-prima de origem animal na composição. Foi um trabalho de pesquisa no âmbito de inovação para identificar os possíveis traços de produtos e matérias-primas de origem animal para substituirmos”, explica Rodolfo Zaratin, gerente de desenvolvimento da fábrica.
Uma das matérias-primas que compõem o sintético vegano é um plastificante com derivados do óleo de soja, e ele é criado por meio de um processo industrial chamado espalmagem.
“Explicando a grosso modo, é um processo onde temos de três a quatro fornos em linha, cada um com seu aplicador, onde aplicamos a pasta sobre a esteira móvel, um papel especial que confere a gravação. Esse processo permite uma gama enorme de cores, gravações e estampas, aliando tecnologia e beleza”, diz o químico Fernando Brandão.
O químico afirma que a produção é considerada rápida e a durabilidade do material é boa. Já o preço do produto pode variar de acordo com a aplicação e estrutura do laminado, podendo gerar economia de até 15% em comparação ao couro.
“Durando mais, gera menos lixo e consumo mais consciente. Paga-se um pouco mais, mas é um produto com qualidade, durabilidade e modelagem boas.”
Mercado exterior
O administrador Marcos Basso tem uma empresa em Novo Hamburgo (RS) que produz correias para guitarras há 19 anos. Mas em 2018, a fábrica participou de uma feira de música nos Estados Unidos e, depois de estudar o mercado exterior, a primeira correia vegana com o material produzido em Cerquilho foi lançada e a marca foi patenteada.
“Para nossa surpresa, durante a feira conseguimos distribuidores no mercado externo que são ultracompetitivos, como nos EUA, Austrália, Alemanha e Chile, e só conseguimos por causa do produto vegano. O feedback foi fantástico. É algo difícil ir a uma feira internacional com uma marca brasileira e já sair vendendo.”
Para fazer as vendas é necessário que o produto tenha etiqueta de identificação, já que ele é similar ao vegano.
Apesar de também trabalhar com outros materiais, Basso afirma que a durabilidade da correia com sintético vegano é praticamente a mesma do sintético tradicional e varia de 10 a 15 anos.
“Os produtos eco friendly reduzem o consumo energético. E o mais interessante é que é possível moer e transformar em outro laminado. É possível reciclar”, afirma.
Segundo Basso, o público da empresa tem entre 12 e 28 anos e, com a internet, as informações têm circulado mais rápido, como é o caso do conhecimento sobre o veganismo.
“A empresa notou um espiral exponencial a partir do momento que a internet começou a ser massificada e as informações ganharam fluidez”, diz.
“Não esperava todo o retorno e tivemos surpresa. Conversamos com o consumidor final, donos de lojas, distribuidores e eles foram unânimes e falaram que era uma boa ideia.”

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