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Capitalista é a sociedade que surgiu no ocidente a partir do início dos tempos modernos, dinamizada pelo lucro. Lucrar é o conceito chave para entender esse sistema. Formado basicamente por duas classes sociais, o capitalista e o trabalhador assalariado, alberga uma contradição difícil de equacionar, pois se o capitalista visa o lucro máximo no menor prazo possível, o assalariado visa ter maiores salários em uma jornada mínima de trabalho nas empresas. Apesar desta contradição, há também interesses convergentes entre essas duas classes sociais antagônicas, pois se o capitalista necessita do trabalho do assalariado para lucrar, o assalariado necessita do capitalista para trabalhar e receber seu salário. Entretanto, essa convergência não elimina o antagonismo básico entre capitalistas e assalariados, pois só lentamente a sociedade capitalista consegue manter o lucro máximo do capitalista com o mínimo de horas trabalhadas dos assalariados, sem que estes percam o valor dos seus salários. A diminuição das horas trabalhadas e o aumento do nível salarial dos assalariados é um processo histórico acompanhado pelo aumento dos lucros dos capitalistas, conseguido através da melhoria do desempenho do trabalho das máquinas introduzidas nas empresas, aliada ao movimento operário, que através de variadas formas de reivindicações, vem conseguindo obter uma legislação social favorável ao trabalhador assalariado.

A revolução tecnológica ocorrida desde o século 19, e acelerada nos dias atuais, produz mudanças qualitativas no sistema capitalista, e está próxima de proporcionar alterações significativas nas relações de trabalho capitalista. Além de contribuir para a diminuição das horas trabalhadas pelo assalariado, seguida do aumento dos lucros do capitalista, melhora a qualidade de vida do trabalhador. Revolução tecnológica e movimento trabalhista constituem os fatores fundamentais para o dinamismo do sistema capitalista e sua capacidade de agregar uma sociedade moderna através de suas mudanças estruturais. Esse binômio –movimento sindical e revolução tecnológica- é o responsável pelas novas feições do capitalismo nos últimos cem anos, visíveis quando comparamos a sociedade capitalista do início da Revolução Industrial, no século 19, e o atual capitalismo.
Karl Marx foi o mais lúcido crítico do Capitalismo de sua época, quando a exploração do assalariado era brutal e desumana. Trabalhando em fábricas poluídas, os assalariados tinham uma jornada diária de trabalho com 12 ou 14 horas. Recebiam salários aviltantes, e não tinham os atuais direitos trabalhistas, nem o direito à greve como seu legítimo meio de reivindicação. Viviam miseravelmente em bairros operários destituídos de saneamentos, não tinham assistência à saúde, e quando adoeciam ou envelheciam eram demitidos sumariamente do emprego, sem direito à aposentadoria. Mas os capitalistas abocanhavam seus lucros, e mantinham-se contrários à aprovação de leis trabalhistas, como a diminuição das horas de trabalho, com argumentos inconsistentes, afirmando que essa medida contribuiria para o ócio dos trabalhadores, que certamente iriam se embebedar nos botecos após a curta jornada de trabalho. Foi neste ambiente hostil ao trabalhador que Marx escreveu toda sua obra, tentando provar que a dinâmica do capitalismo fatalmente levaria ao socialismo. Talvez esse revolucionário tenha se enganado no prazo para essa passagem revolucionária, pois previu nos vagidos do capitalismo os sinais de sua agonia. Mas o capitalismo não morreu no prazo previsto por Marx. Desenvolveu-se a ponto de atualmente ter características diferenciadas da sua época inicial, e parece que ainda tem vigor, e conta com espaço geográfico para continuar se expandindo, integrando em seu bojo os miseráveis países periféricos ao sistema, localizados principalmente na África e na Ásia. Todavia, como toda sociedade pretérita, tem um prazo para se transformar, e, no seu caso, tornar-se uma sociedade socialista, na qual os assalariados terão participação no processo produtivo, ao indicar qual tipo de desenvolvimento atenderá melhor aos interesses vitais da coletividade, e não aos interesses do capitalista. Ou seja, uma sociedade humanizada e fraterna, capacitada para transformar o reino da necessidade no reino da felicidade, regida pela liberdade, que contribuirá para a autorrealização humana.

Gilberto Radicce

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